quinta-feira, 29 de abril de 2010

Promessas

Um dia fiz-me uma promessa
Nunca mais seria o mesmo
Nem daria de puro altruísmo meu perfurado coração

Um dia prometi ser o essencial
Sem saber que minha essência nunca existira
Nunca tinha sido sentida por um outro alguém.

Um dia pensei ter encontrado certezas
Até meu mundo cair por terra
E percebi que a vida é feita do incerto, que perfura ainda mais nosso coração.

Prometi para os deuses o quanto estava feliz
Gritei para o mundo o quanto amava
Fingi a todo momento ser o que não sou, para que meu furos pudessem ser tapados
Mas a vida é um jogo pré-programado
E os erros não são admitidos, nem as farsas.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Quebra-Cabeças

A vida é composta de peças.
Distribuídas aleatoriamente
Elas vão moldando sua face,
Mostrando seu eu,
Moldando sua expressão.

A vida é composta de pequenas peças
Dispostas em quantidade insuficiente.
Remonte-me aos poucos
Pegue uma por uma e me mostre meu rosto
Dê-me um espelho
E assim saberei que ainda posso ser reconstruído.


Vou cortando o mal pela raiz.

Já não adianta podar
Precisarei de uma solução drástica
Já não adianta regar
Tentar mudar
Precisarei de algo mais forte
Já não adianta tentar matar
Ou mover de lugar
Precisaria de forças
Que os deuses não são capazes de dar.

Agora entendo
Como procedeu este crescimento
Agora eu sei
Não deveria ter transplantado daquele pote de algodão
O grão de feijão tornara-se uma horta repleta e esverdeada
Já não adianta.

Agora eu sei que preciso cortar o mal pela raiz
Para que ele não cresça nunca mais
Nunca mais
Dentro do meu terreno.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu só quero ficar sozinho

Cercado de pessoas
De palavras que encantam
Com presença deslumbre
E rostos de perfeito semblante.

Cheio de nada
Perco-me entre a multidão
Tentando encontrar minha solidão
Que ainda permanece escondida.

Preciso de mim
De menos, do meu reflexo sobre o espelho
Preciso de auto-estima
De sentir o que quero sentir.

Das vontades que enfileiradas estão
Tenho medo de apontar para a estrada errada
Assustado e com medo estou
De errar mais uma vez
De seguir o mesmo percurso doloroso
Desta estrada de pregos que tenho andando descalço.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Saudade

Ela cresce como feijão em algodão
Brota como pequenas sementes
Nasce, Cresce e Morre
Saudade
Ela vem detonando você
E faz-te um alienado.

Ontem sentia falta
Mas suas folhas estão desgastadas e caindo
Como folhas no outono
Ela veio e se foi.

Saudades
Nos fazem chorar
E gritar, por dentro.

Hoje sinto falta
Mas ela parece inerte
É como uma bala invisível penetrando seu coração
Dói, mas não mata.

Saudades
Liberte-me
Porque amanhã é um novo dia
E eu preciso renascer.

sábado, 17 de abril de 2010

Morning Comes Again

Pela enésima vez
Ela chegou sem bater
No tilintar dos sons noturnos
Misturada a chuva barulhenta
Ela chegou pra incomodar
Veio vindo, de fininho
Me deixando acanhado
É ela, a majestosa
A manhã.

Tenho passado dias e noites perambulando no escuro
Mas neste meu escuro não tenho andando
Porque não me resta nem disposição para tal.

Vinte e quatro horas sentado na frente do computador
Vinte e quatro sites olhando, para afastar as lembranças incômodas
Nada ajuda
A lembrança é aguda, me mata por dentro.
Agora só me resta esperar passar este mesmo clima de manhã
Que permanece aqui, às 8:05 a.m
Só me resta esperar
Para que esta dor se vá
Pairar em outro lugar
Mas que volte
Porque preciso dela
É a minha dor.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Incertezas

O amanhã resplandecerá
Com certezas ou incertezas?
Nem Deus saberá.
A vida é tão incerta
É aleatória
É feita de casos e acasos
É feita da magia da expectativa.

Pela manhã levanto com os espíritos
Olho pela janela, vejo um lindo sol brilhar
E com ele as certezas, ou incertezas, que a vida trará
Acordo com você, que sempre permanecerá
Pois o amanhã vai raiar, e meu amor sempre estará até o dia acabar.
E no começo de um novo, ele renascerá.

O incerto do hoje
A certeza do amanhã
Vai fazendo, pouco a pouco
Essa constância cessar
Mas de uma coisa sabemos
O amor sempre estará.



terça-feira, 13 de abril de 2010

Tudo foi em vão?

Enquanto uns agem levados pela dor
Enquanto as lágrimas consomem suas mentes
E seus atos já não são segurados pelo lado racional do cérebro
Ficam a achar que tudo foi em vão.

Enquanto a dor se faz presente
O passado se apaga
Tudo foi em vão
Tudo foi mentira
Tudo foi brincadeira
Assim tendem a pensar
Porque a raiva consome
A decepção é gritante
Tudo foi em vão

Enquanto fica a pensar
Fico a chorar
Porque a vida não é vaga
Nada é por acaso
Erros são cometidos a todo momento
Mas nada é em vão

Enquanto a mágoa se faz presente
Tudo foi em vão
As brigas
O amor
As carícias
O sexo
Tudo foi em vão?
Não, não.

Enquanto ficastes a chorar de raiva
Fico aqui, a derramar lágrimas de decepção
Porque nada foi em vão
A vida não é passatempo
Nada se foi assim
Em vão.

domingo, 11 de abril de 2010

Destruindo Lembranças

Sabe aquela foto que ficou guardada na gaveta dentre os papéis empoeirados?
Elas já não existem mais
Sabe aquele rabisco romântico que tinha escrito enquanto era um tolo apaixonado?
Eles já não existem mais
Sabe aquela lembrança doce de quando éramos apenas dois em um corpo?
Ela foi apagada
Sabe aquele presente com valor sentimental exorbitante?
Ele já se fora, o tempo o destruíra

Não sabemos como
Nem o porquê
Queremos de toda forma, a todo momento
Tentar destruír este eu que olha para o passado

Sabe aquele erro cometido quando ainda era um tolo infantil?
Ele ja se fora, já foi cometido, e hoje são apenas lembranças amargas que destruída foi
Sabe aquele passado de felicidade que não volta mais?
É, meu caro, ele foi apagado da memória

Tudo passa
As pessoas, os bens
Os amigos, a família
O cachorro, o vizinho
Os amores, a fadiga
A felicidade, a tristeza
A constância, a euforia
O vento mal, o sol
A chuva que acabara de molhar-te outra vez
A paixão repentina que se formara ontem, mas que hoje já não tem mais valor
Tudo passa...
E nós, tendemos a querer destruir tudo
Porque a vida é para os fortes
Só os psicologicamente capacitados podem destruir essas lembranças
Estes pequenos passatempos fúteis da vida
Este pequeno passado que nunca mais voltará.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Transcedência

Eu não vejo mais meus olhos tão secos
Nem meu coração palpitante
Meus ideais estão mortos
Os sonhos já não se fazem presente.

Nem eu, nem ti
Não nos demos conta desta mudança
Hoje já não sou o que dizia ser
Hoje sou apenas a casca deste invólucro sem conteúdo.

Eu não vejo mais meu sorriso
A emancipação deste inerte sentimento se faz presente
Já não vejo mais nem a mim, nem a você, muito menos nós dois.

Esta mudança foi tão certa
Tão incesta
E agora preciso permanecer em alerta
Para que uma nova mudança possa ser percebida.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A vida secreta da mente

"[...] Solidão foi a primeira coisa que a levou ao computador. Depois, a empolgação. Adriana sempre terminava as tarefas da escola, dava um beijo de boa noite a sua mãe (o pai geralmente estava viajando) e subia para seu quarto, onde se sentava diante do brilho azul do monitor, levando uma vida imaginária que era muito mais interessante e gratificante do que aquela oferecida por sua realidade. [...]"

Retirado de Anatomia de uma vida secreta (Gail Saltz- Editora Gente)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

#passadofacts

Dormi
Acordei
Escovei
Estudei
Deitei
Estudei
Almocei
Fumei
Dancei
Brinquei
Morguei
Falei, Falei, Falei
Estudei, outra vez
Cantei
Procurei
Procurei
Procurei
Passei
Briguei
Águas de março
O passado é tão constante em minha vida
E se fará ainda mais constante quando eu clicar em "Publicar esta postagem".

Sangue Frio

A anormalidade da vida já não causa tamanha repulsa
Nem as dores gritantes que sufocam a alma
Sangue frio
É preciso, para que a racionalidade domine-o por completo
Sangue frio
É suficiente, para que o inconstante largue a gente.

O outrem já não incomoda
Nem a mim, outrora
Não viva da incerteza
Congele-se.

Sangue frio
Adquira-o
E diplomaticamente viverás
Sangue frio
Como a mais tenebrosa frieza que brota aqui dentro
No coração.