quarta-feira, 31 de março de 2010

Live together, die alone.

"Todos os dias eu acordo ao seu lado, mas não me dou conta de que minha triste sina é deitar sozinho sobre minha cama de pedras."

Arquivos

Dentre o que sou
Do que serei
E do que tentei ser
Redigi textos para tentar explicar-me
Para tentar definir-me
Para tentar dizer o que a vida é.

Dentre o que fui
O que nunca fui
E do que fingi ser
Redigi textos para disfarçar minha angústia
Para tentar mascarar sentimentos
Para tentar forjar felicidade.

Dentre o que escrevi
E o que não foi imposto
Redigi versos para serem lembrados pelo resto da vida
Para serem ditos por aqueles que dizem amar
Para encorajar-vos de benevolência.

Dentre estes inúmeros arquivos
Nada foi suficiente
Nada foi real, completamente.

Dentre as tristezas e as incertezas
Palavras foram impostas com tamanha delicadeza
Para encorajar-vos da minusculosidade da vida
Tão pequena quanto o coração deste falso poeta.

Dentre os anos que sucederam-se
Eu tentei encontrar a chave mestra
Tentei elaborar significados
Tentei fazer-me de um dicionário ambulante
Apenas tentei, em vão.

Dentre as inúmeras letras que foram consumidas pouco a pouco
Eu achei-vos entre os sentimentos profundos
Como quem procura uma agulha num palheiro
Como quem acha que tirou a sorte grande.

Dentre as tentativas
Encontrei os erros
Encontrei mais medo
Encontrei desejos
Encontrei significados pessoais
Encontrei a mim mesmo
Mas hoje vejo
A brincadeira de esconde-esconde ainda não terminou.


terça-feira, 30 de março de 2010

Bom dia, dia...

Parece que o raiar do sol invadiu meu quarto escuro
Parece que o eclipse lunar não ficará inerte mais aqui
Parece que o estado de inconstância vai embora
Parece que o dia será visto novamente.

Não, tudo é apenas ilusão da minha mente
Que almeja incessantemente uma luz
Ainda não é dia, é noite aqui.

Parece que as coisas novas fluirão
Parece que um novo horizonte está sendo avistado
Mas não, a abstinência faz-lhe criar imagens irreais.

Bom dia, dia
Querido dia no qual eu insisto em fantasiar
Você nunca existirá
Mas em mim, você sempre estará
Porque ainda me resta esperança de ver-te
Pelo menos outra vez.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Onde está meu "looking glass"?

No reflexo daquele carro sobre a calçada
Sobre a fenda de alumínio encontrado na minha cozinha
Dentro da insípida gota d'água que é expelida pela flora
Não me vejo
Onde está?
Vivo a procurar o verdadeiro reflexo
Vivo a trabalhar em olhar-me por inteiro
De dentro pra fora
De fora pra dentro.

Onde estará escondido meu looking glass?
Será aqui nesta vida?
Ou quando me desencontrar?
Sigo a procurar
Porque um dia meu looking glass se mostrará
Então, verei que este leão disfarçado sempre foi
E sempre será um gatinho indefeso.

Uma nova casa

Mudar é preciso
Transcendi
Busquei um novo caminho
Achei meu lugar ao sol
Mas vai chover, em breve
Porque é a chuva que enche-me a bola.

Mudei de plataforma
Peguei este bonde
Estou aqui
Mudei
Porque a vida é daqueles que estão trafegando.

domingo, 28 de março de 2010

Coração em chamas

O coração deste minúsculo menino anda em chamas
Uma fúria intensificada causada pelas palavras incessantes que decorrem
Uma, duas, três frases de efeito são capazes de queimá-lo
E assim matá-lo.

Cuida-te da tua boca, para que o fogo não consuma outra vez o que te pertence
Uma, duas, três, quatro vezes já o queimara
Logo depois o reparara
Cuida-te do que tens, porque outro deste jamais existirá.

Quando tu queimas
Nunca saberá, mas metade da sua essência jamais permanecerá
Porque um coração perde sua força
E o fogo tende a destruir tudo.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Por que eu escrevo?

Eu escrevo porque eu busco respostas
Porque quero perder-me entrelinhas
Porque quero perder minha identidade
Ou encontrá-la.

Eu escrevo porque o amanhã é incerto
E porque quero que entendam meu enfermo
Eu apenas escrevo
Porque essa prisão é perpétua
Já não consigo me encontrar neste labirinto
É a vida.

Nas linhas que meu coração redige
Eu escrevo tudo sobre você
Sobre nós, indiretamente
Eu escrevo porque eu tenho máscaras
Porque eu defino sentimentos
Porque eu tento ser um alguém a cada precioso dia de minha vida.

Eu escrevo porque você, nem ele, nem ninguém me entende
Porque a felicidade ainda não penetrou em meu coração
Porque as dores da alma nunca sararam
Eu apenas digito com os olhos cheios de lágrimas
Porque os amigos se foram
Não há em quem acreditar, não mais.

Eu escrevo para enfatizar o final da história desgraçada
Para escrever um novo começo
Para dizer que sou feliz
Para tentar ser poeta
Para tentar fugir do que realmente sou.

Eu sou apenas um iceberg flutuante
E que um dia se dissipará com o sol que tende a chegar
Sou inconstante, por isso escrevo
Sou um poço de sentimentos que borbulham ofegantemente
Escrevo a todo momento
Algumas vezes prefiro gravar o que penso
Para que um dia possam enxergar
O quão gritante foi meu enfermo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Palavras

Se eu soubesse usá-las a meu favor
Se eu soubesse usá-las para te conquistar
Se eu soubesse usá-las, apenas
Mas não, elas saem involuntariamente
Como a expiração ofegante que é expelida no contrair do diafragma.

Se eu soubesse dizer não a meus sentimentos
Se eu soubesse gritar e explodir como fazem os loucos
Se eu soubesse usar tudo para o bem
Mas não, eu sou apenas um mero mortal
Vagando por esta estrada tão incerta, a vida.

Se eu pudesse retorceder e mudar o que disse
Se eu pudesse cortar o mal pela raiz e o que sai de minha boca
Se eu pudesse re-avaliar minhas atitudes e assumir meu erro
Mas não, eu sou apenas um orgulhoso
Admitindo para mim mesmo que é não, e é assim.

Se eu soubesse escrever lindamente para fazer você se apaixonar
Se me coubesse o dom, e a positiva emoção
Mas não, eu sou um poço de sentimentos incertos
Que cospe funebridade sem exitar.

Se eu pudesse mensurar o que digo
Se eu soubesse guardar comigo
Se me coubesse viver fingindo
Estas palavras não sairiam, não magoariam
Porque eu não seria este pequeno menino realista
Eu seria apenas um sonho
Apenas uma ilusão em sua vida.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Janela

Pela janela podem entrar borboletas
Pela janela podem entrar sonhos
Podem entrar encanto
Podem entrar vida.

Pela janela esvai-se as dores
O desassossego e o brilho do amanhecer
Esvai-se o desespero e a esperança
O humor e o desencanto.

Uma janela pode ter sentido bilateral
Uma entrada
Uma fuga.

Na janela da minha vida tem entrado morcegos
Sugando meu sangue vão esgotando minhas forças
Penetrando seus dentes afiados vão levando minha vida
Cada vez mais.

Minha janela fechou-se pro mundo
Nada entra, nada saí
Vivo aprisionado com meus desejos e medos
Para que um dia eles possam sair pela porta
Porque boas visitas jamais devem pular a janela
O verdadeiro anfitrião tende a abrir a porta para que um dia sua visita retorne.

E sim, elas retornarão
Pois minha vida é esse ciclo de manifestações desarmoniosas.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Confiança

Há dúvidas quanto a mim
Há dúvidas quanto a nós
Será que esse intenso sentimento será prosseguido com o coração
Ou apenas com um singelo beijo impuro?

O incerto consome minha felicidade
O desejo acalenta-me do frio
É como edredom num dia de chuva incessante.

Confiança é o que há
Mas o que falta para acreditar?
São inúmeras perguntas
Inúmeros mistérios
Enquanto me pergunto
A felicidade desvaire-se de si.

Quero ser o único
Quero ser uma incógnita
Sinto que sou apenas o comum
E é assim que vou vivendo
Consumindo minha mente
Tentando montar
Este imenso quebra-cabeça.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O amanhã ainda não chegou.

A corrente da maré ainda permanece intacta
E as águas já não conseguem mais guiar-me
Sinto-me em naufrago.
Estou sobre essa balsa inerte neste mar de espinhos
Os cortes já não doem a pele.
Nada faz mais sentido.

Talvez a física quântica pudesse explicar
Ou os Deuses pudessem reavaliar
Nada. absolutamente nada continua no seu lugar
A inconstância me pegou outra vez
Vou ceder, antes que seja tarde demais.

O amanhã ainda não chegou
Pareço viver o hoje num período de tempo incessante
Chegam os temporais, os verões e as flores
Mas ainda é hoje, num curto instante de mudanças.

O que me resta agora é o alguém
Para que meu tempo consiga transcorrer
Outra vez.

terça-feira, 9 de março de 2010

Voltando pra casa.

"A vinda pra casa sempre me faz lembrar de que aqui é o meu lar. E a minha realidade, claro."

segunda-feira, 1 de março de 2010

Indolor.

Os golpes que a vida nos dá são fortes, mas um dia todo mundo se acostuma a viver apanhando.