quinta-feira, 30 de abril de 2009

Desabafo II

Henrique está cansado de apenas mais um dia de vida, de escola e de amigos. Cada dia fica mais e mais difícil superar os obstáculos, cada dia é um desafio de gigantes este jeito metódico de levar a vida... amena. Na vida há lugares e esquinas nas quais não consigo me achar,e acabo ficando perdido entre as pessoas que circulam rapidamente na corrida capital de dinheiro e luxúria.
Transito todos os dias pelo centro, no meio de uma massa privilégiada e culta, mas que não são nada diante dos meus olhos quase fechados para o mundo. O cigarro é meu único companheiro, as coisas sujas são minhas únicas companheiras em momentos ociosos, cada dia um momento da alma, cada dia uma surpresa desagradável. A preguiça e o desânimo não me deixam prosseguir com minha vida curricular, com minha vida social e com a interação com outros mundos, afinal, cada qual cria seu próprio mundo.
As desavenças diárias são suficientes para o causamento da dor, da preguiça e do desânimo e da vida ridícula.
Queria somente apagar e não acordar nunca mais. É muito difícil suportar as doenças chatas, a família chata, as pessoas chatas, o ensino metódico e a vida ostentada aos desprazeres contínuos. Queria somente ser transportado para um mundo só meu, onde minhas leis prevaleceriam apenas para limitar a mim, eu seria o comandante, eu seria o soldado. Um espaço só meu, fora do contato com as pessoas me faria tão bem... As palavras magoam muito, mas quem sou eu pra falar isso? Minhas palavras não magoam, multilam. Até quando vai durar isso? Até quando conseguirei sustentar esse sorriso falso em meu rosto sem cor? Cada dia que passa eu sinto como se o círculo estivesse fechando mais e mais... Um dia chegará a tal ponto a esmagar-me, e aí não haverá mais saída, a não ser... A viagem para o meu mundo.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O inferno são os outros.

Meu inferno é o vizinho, a vizinha, o cachorro, a cachorra, a criança, a mãe, o pai, a família, as pessoas, a escola, os professores, os amigos, a vida alheia, a dor, a tristeza, a felicidade, a incerteza, a certeza. É também a chuva que desmancha a vida "perfeitinha", o sol que queima a pele branca, o vento que bagunça a felicidade. Tu és meu inferno ilógico e irremediável, és café frio na minha garganta, és incomodo no meu quarto, és mosca na minha sopa, és pedra no meu feijão, és sal no meu suco.
Vista-se de mosqueteiro e vamos lutar. Atrás da máscara existe uma vida contrubada; Existe uma casta maior, criada por si mesmo. Esta máscara é usada todos os dias: no banho, no almoço, no jantar, no sexo quente, na hora do chá das cinco e aos domingos familiares. Vestires esta máscara para revolucionar aos que te olham. Usa máscara de ferro, máscara que encobre suas feições e afeições transmitidas pela dor que consome seu coração pobre e minúsculo. Não há infância, juventude ou atitude, há apenas duas coisas na vida: Ódio e indiferença. A indiferença é diferente da sua diferença pelos outros. O ódio é odiado pelo mesmo, com indiferença superlativa.
Um doente? Um maníaco (a)? Um tolo (a)?
Quem és tu? Olhas no espelho, e veres tua face transmitindo sua essência.
Olhas...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ando meio desligado. Eu nem sinto os meus pés no chão.

Não sinto o vento que bagunça meus cabelos nem o frio que deixa áspera a minha pele branca e pálida; Não vejo as pessoas nem as conversas alheias; Não leve a mal, não sinto tristeza, emoção, amor ou coisa parecida; Ando meio desligado como uma televisão em preto e branco que transmite a imagem distorcida; Ando como um carro à gás com motor infuncional.
As coisas passam despercebidas, preguiça? Não sinto a alma no corpo, nem a tristeza avassaladora. A dor nem arde como antes, a ferida fecha-se aos poucos, a cegueira vivencial me dominou. Johnny Cash já não canta tão emocionante como horas atrás. A dor na cachola é a mesma desde sempre, não dói mais, não incomoda mais, não mais. Não mais à tristeza, não mais o amor. Tudo foi-se com as lágrimas em excesso derramadas, foram embora como a água misturada ao sabão que desce pelo ralo.
As esperanças de uma vida qualquer já foram aceitas, as amenidades concebidas já foram atendidas, e a solidão infame é a única companheira nesse marcante dia de chuva que molha meus cabelos desarrumados. O egocêntrismo ainda reina, o espirito de competitividade me domina, me faz um nada, me faz cruel, me faz um réu, faz-me ridiculo, menospreza a imagem. Todos são concorrentes, todos são inimigos. Acreditar? Em quem? Em que? Na vida? Ter fé?
Acreditar em coisas impossíveis são para os fracos e oprimidos, acreditar em sonhos irreconhecíveis e amor verdadeiro é para aquele que vive em ridicula harmonia consigo mesmo. A luz está apagada, e o interruptor está queimado, cuidado com o choque. Não tentes fazer o mesmo, não tentes pegar a mesma estrada, pois o choque pode ser maior, e o corpo não aguentar. A morte será sua única saída. A morte.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ter nascido me estragou a saúde

Um corpo, um corpo, uma alma, um modo de pensar, um abalo císmico, uma arma, uma doença, um vício, um alguém, um modo, um gesto, um carinho, um outro corpo, um beijo, um sexo, um abraço, um gesto amável, uma palavra. Ter nascido estragou-me, a saúde, a vida, a sociabilização, a caricatura, a face, a solidariedade, estragou-se. Ter nascido datou-me a incertezas, a dúvidas, a tristeza, a indelicadeza, a malvadeza, a inércia, ao vazio, ao nada, ao simples, ao minúsculo, ao ameno, ao amargo, ao nada, ao nada, ao pouco. Ter vivido tirou-me a paz, a suficência, a atenção, a normalidade, o amor, a raiva, o ódio, a inveja, o sucesso, a certeza, o tudo, a alegria, a família, a mãe, o pai, Deus, o retrato, as lembranças, você.
Ter nascido e ter vivido foram os piores presentes datados à ela, pequena meretriz que invade minha dignidade para impôr leis  para um caminho politicamente correto a seguir.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Paralelismo

Como transitar em lados convergentes?
Como evidenciar momentos convergentes?
Como suprir a convergente carencia?
Carencia que consome o espaço em branco.
Pequeno espaço delimitado por tanta carência.

São duas cores que irradiam os olhos:
O branco e pálido traz divindade prosperosa
O negro e opaco traz tristeza, funebridade
Que consigo traz a biconvengência da vida.
Convergir é optar por caminhos coloridos
Hora com paz, outrora com ódio e raiva.

O paralelismo oculto entre a casta é tamanho,
Sobram espelhos para distinguir a face
Espumante de arbitrária liberdade
Liberdade datada de subinfluência facultativas
Qual o caminho a seguir? Qual a estrada pegar?
Maldito paralelismo cíclico que confunde-me
Obstrui o visar e enlouquece sem parar.

Serei o seguidor bijugal?
Verer-te-ei dos caminhos a alcançar?
Qual deles leva-me a putreficação da alma?
Escolher é o agora. Seguir é a dúvida.
E agora, a razão e a emoção caminham juntas
Juntas nesse paralelismo convergente e conturbado.