terça-feira, 21 de abril de 2009

Ter nascido me estragou a saúde

Um corpo, um corpo, uma alma, um modo de pensar, um abalo císmico, uma arma, uma doença, um vício, um alguém, um modo, um gesto, um carinho, um outro corpo, um beijo, um sexo, um abraço, um gesto amável, uma palavra. Ter nascido estragou-me, a saúde, a vida, a sociabilização, a caricatura, a face, a solidariedade, estragou-se. Ter nascido datou-me a incertezas, a dúvidas, a tristeza, a indelicadeza, a malvadeza, a inércia, ao vazio, ao nada, ao simples, ao minúsculo, ao ameno, ao amargo, ao nada, ao nada, ao pouco. Ter vivido tirou-me a paz, a suficência, a atenção, a normalidade, o amor, a raiva, o ódio, a inveja, o sucesso, a certeza, o tudo, a alegria, a família, a mãe, o pai, Deus, o retrato, as lembranças, você.
Ter nascido e ter vivido foram os piores presentes datados à ela, pequena meretriz que invade minha dignidade para impôr leis  para um caminho politicamente correto a seguir.

2 comentários:

  1. Acredito que o sofrimento faça parte de nossas vidas, mas não concordo em alimenta-los... Dos piores fatos de nossas vidas temos sim, sempre que tirar experiências e aprendizados, e com isso fortalescer e não endurecer nossas almas... E outra o trágico de hoje tornar-se-á cômico se souber filtrar!

    ResponderExcluir
  2. É interessante perceber quantas coisas 'ganhamos' com a dádiva da vida. Estamos fadados a sofrimentos sim, à morte sim, mas também podemos desfrutar de alegrias imensas, prazeres imensuráveis e da maravilha de simplesmente VIVER!

    ResponderExcluir