Não sinto o vento que bagunça meus cabelos nem o frio que deixa áspera a minha pele branca e pálida; Não vejo as pessoas nem as conversas alheias; Não leve a mal, não sinto tristeza, emoção, amor ou coisa parecida; Ando meio desligado como uma televisão em preto e branco que transmite a imagem distorcida; Ando como um carro à gás com motor infuncional.
As coisas passam despercebidas, preguiça? Não sinto a alma no corpo, nem a tristeza avassaladora. A dor nem arde como antes, a ferida fecha-se aos poucos, a cegueira vivencial me dominou. Johnny Cash já não canta tão emocionante como horas atrás. A dor na cachola é a mesma desde sempre, não dói mais, não incomoda mais, não mais. Não mais à tristeza, não mais o amor. Tudo foi-se com as lágrimas em excesso derramadas, foram embora como a água misturada ao sabão que desce pelo ralo.
As esperanças de uma vida qualquer já foram aceitas, as amenidades concebidas já foram atendidas, e a solidão infame é a única companheira nesse marcante dia de chuva que molha meus cabelos desarrumados. O egocêntrismo ainda reina, o espirito de competitividade me domina, me faz um nada, me faz cruel, me faz um réu, faz-me ridiculo, menospreza a imagem. Todos são concorrentes, todos são inimigos. Acreditar? Em quem? Em que? Na vida? Ter fé?
Acreditar em coisas impossíveis são para os fracos e oprimidos, acreditar em sonhos irreconhecíveis e amor verdadeiro é para aquele que vive em ridicula harmonia consigo mesmo. A luz está apagada, e o interruptor está queimado, cuidado com o choque. Não tentes fazer o mesmo, não tentes pegar a mesma estrada, pois o choque pode ser maior, e o corpo não aguentar. A morte será sua única saída. A morte.
Você escreve muito bem, contudo focaliza muito no pessimismo crônico. Acredito que o equilíbrio entre visões positivas e negativas é fundamental para a percepção adequada de tudo que ocorre à nossa volta...
ResponderExcluirA qualidade e conteúdo produzido é fantástico, impressionante, instigante e desafiador!