quinta-feira, 30 de abril de 2009

Desabafo II

Henrique está cansado de apenas mais um dia de vida, de escola e de amigos. Cada dia fica mais e mais difícil superar os obstáculos, cada dia é um desafio de gigantes este jeito metódico de levar a vida... amena. Na vida há lugares e esquinas nas quais não consigo me achar,e acabo ficando perdido entre as pessoas que circulam rapidamente na corrida capital de dinheiro e luxúria.
Transito todos os dias pelo centro, no meio de uma massa privilégiada e culta, mas que não são nada diante dos meus olhos quase fechados para o mundo. O cigarro é meu único companheiro, as coisas sujas são minhas únicas companheiras em momentos ociosos, cada dia um momento da alma, cada dia uma surpresa desagradável. A preguiça e o desânimo não me deixam prosseguir com minha vida curricular, com minha vida social e com a interação com outros mundos, afinal, cada qual cria seu próprio mundo.
As desavenças diárias são suficientes para o causamento da dor, da preguiça e do desânimo e da vida ridícula.
Queria somente apagar e não acordar nunca mais. É muito difícil suportar as doenças chatas, a família chata, as pessoas chatas, o ensino metódico e a vida ostentada aos desprazeres contínuos. Queria somente ser transportado para um mundo só meu, onde minhas leis prevaleceriam apenas para limitar a mim, eu seria o comandante, eu seria o soldado. Um espaço só meu, fora do contato com as pessoas me faria tão bem... As palavras magoam muito, mas quem sou eu pra falar isso? Minhas palavras não magoam, multilam. Até quando vai durar isso? Até quando conseguirei sustentar esse sorriso falso em meu rosto sem cor? Cada dia que passa eu sinto como se o círculo estivesse fechando mais e mais... Um dia chegará a tal ponto a esmagar-me, e aí não haverá mais saída, a não ser... A viagem para o meu mundo.

2 comentários:

  1. Acredito que todos nós queiramos momentos isolados, nossos, sem a presença incômoda de pessoas fúteis, inúteis e que querem apenas expressar uma opinião massificada para,quem sabe, se identificar com um grupo social. Mas não se pode levar a vida nos extremos... É no meio termo que existe a felicidade, as coisas boas da vida...

    Abraço!

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