domingo, 10 de maio de 2009

O toque.

Existem orgãos sensoriais capazes de detectar uma dor, um frio, um calor ou qualquer outra abominação que cause alerta a nossa pele, disso todo mundo sabe. Porém, existe outras percepções que ninguém nunca notou ao certo, a capacidade de pressentir os sentimentos alheios com apenas um toque, uma encostada na sua face, ou em qualquer outra parte do misterioso corpo humano. Tudo foi feito a nosso favor, graças ao nosso bendito e maravilhoso orgão sensorial, podemos distinguir o estar da alma de alguém, seja lá quem for.
A dor é um momento da alma, conotativamente. A dor não é um momento da alma, é uma reação que nosso orgão expele ao entrar em conflito com o meio externo. A dor que se passa neste momento é a conotativa, cheia de segredos, na nossa alma, que insiste em esconder todo o significado e a explicação para a mesma. A tristeza é filha da dor, ela criou sua menina com os ideais seguidos por sua família (raiva, fúnebridade e outros membros) e esta menina cresce no intelecto de cada um de nós de forma exacerbada, contornando nossas atitudes e modelando nossa personalidade, frágil personalidade capaz de ser modificada com apenas um toque, uma palavra, um ato, simples ato.
Quando surgirá a cura para esta dor? A resposta ainda é desconhecida. Nossa sociedade corrupta insiste no capitalismo extorquidor, que retira aos poucos nossa alma, e nosso dinheiro. Esta adiação para a cura demora tanto... tanto... Pessoas vão a cada dia, pessoas vem a cada minuto, mas a dor nunca se vai, nunca deixa-nos em paz.
Existem pequenas drogas capazes de suprir a dor, assim como qualquer outro remédio (não capaz de suprir a doença, e sim previni-la), pequenas drogas que desgastam-nos cada dia mais, cada dia mais drogas, cada dia mais dor, cada dia mais dinheiro para o capitalista que inventou-as, cada dia dinheiro entrando, e saindo (de nossos bolsos), e assim o mundo é feito, girando trezentos e sessenta e quatro dias e seis horas a cada quatro anos.
O toque... ah, o toque. Toque-me e sentirás a dor que se passa agora; Toque-me para descobrir a essência d'minha alma. Só este pequeno ato será capaz de desvendar-me, desvendar-lhe, desvendar-nos. Toque tudo que você puder, sinta a personalidade, sinta o frio, a dor e o calor gritante em cada coisa, pequenas. Toque e retoque, tocando a vida para frente, fazendo do toque seu principal componente. A vida só é feita de coisas concretas, a abstração é apenas mais um tipo de demagogia criada pelo ser humano, que sente-se sozinho com as grandes concreticidades que a vida lhe propõe. Seria eu um criador?

Um comentário:

  1. Parabéns Henrique...
    A cada texto seu, a cada palavra sua, em cada sentimento posto, seje ele de dor ou de alegria, desperta-nos o desconhecido, surge o desejo, o gradativo desejo para o desconhecido. Desejo no qual, faz todos refletirem, como diria Clarice Lispector...faz nos render como você se rendeu, nos faz mergulhar como você mergulhou, e não presisamos entender, basta viver, pois viver ultrapassa qualquer entendimento.

    ^^

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