sábado, 31 de outubro de 2009

Cruzamento

Sobre a linha de partida dou o sinal
E corro suavemente e agressivamente em busca de aventura
Em busca de perigo, emoção.
Sobre a linha de partida piso no acelerador
E com a veemente força de vontade, sigo em frente.
Cruzo estradas e caminhos
Cruzo a vida, e nela descubro as verdades e as surpresas.

Sobre a linha de partida eu dou o sinal
Aquele que declara que a felicidade está a poucos quilômetros
Aquele que demonstra que a vida vai estabilizar
E que a inconstância vai cessar,
A constância voltará e aqui comigo estará.

Sobre a linha de partida eu dou o sinal
Sem o objetivo de alcançar a chegada.
Sobre a linha eu ando, em linha reta
Não espero o fim, não espero alcançar
Nada espero da corrida.

Sobre a linha de partida eu dou o sinal
E no cruzamento eu percebo que a vida é maravilhosa
E que o caminho percorrido e sofrido é viável
É válido, e sustentável.
A vida parece nascer, e com ela a "vida".
Cruzei caminhos inenarráveis e cruzarei enquanto durar a corrida.

Se eu pudesse gritar...

Eu diria tudo o que não posso.
Gritaria que almejo demais a felicidade, mas que existem pessoas que fazem-me regredir com a funebridade e angústia que leva no peito, e que isso é o meu karma.
Se eu pudesse gritar bem alto, eu diria para o mundo que nos amamos, porque amor é para ser compartilhado, amor é universal e o mundo precisa ter conhecimento de nós. Porém, a mentira encobre o amor, de fato. Somos fugitivos do nosso prazer.
Se eu pudesse...
Eu diria todas as palavras que eu nunca disse, faria tudo de forma diferente, seria menos racional, me entregaria mais... Se eu pudesse...
Na verdade, eu não sei porque não posso.
Algo me prende.
Estou exilado na escuridão da minha alma e busco saídas através de buracos pequenos, na verdade feridas, que nunca fecham, nunca curam, nunca...
E vou-me ferindo ainda mais, para liberar toda uma felicidade que não existe, que não está dentro de mim.
Se eu pudesse gritar bem alto...
Eu diria que sou um mentiroso e que tento passar uma imagem feliz que não me pertence. O sorriso continua no meu rosto, a todo o momento enquanto a vida me cerca.
Eu diria, se eu pudesse, que eu me escondo do mundo, por razões óbvias que não vem ao caso agora. E diria que a minha mobilidade nunca chegará, e que eu já me contentei nesta condição.
Eu diria que os amores vem e vão, e que nenhum fica, nenhum marca, nenhum... Sempre vem outro por cima para apagar os resquícios de um passado de felicidade/infelicidade.
Se eu pudesse gritar, eu admitiria que nada é pra sempre, de fato.
Nada é pra sempre, nadinha.
E que as datas me deixam triste, e que o movimento de rotação da terra me deixa absolutamente triste.
Se eu pudesse admitir a vida... Mas eu não posso.
Se eu pudesse gritar pro mundo... Mas eu não posso.
Se eu pudesse apenas dizer um sim, e um "eu te amo"... Não posso.
Vivo num mundo de impossibilidades, o que acarreta indiretamente o surgimento de novas, e novas impossibilidades.
Se eu pudesse... eu me daria todinho.
Mas eu não posso, eu não sou completo!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Deixar pra trás.

Deveria deixar para trás tudo o que ouço e o que me faz sentir aquela dorzinha lá no fundo do coração. Na verdade, deveria aprender a esquecer tudo o que me jogam na cara e o que me deixa pra baixo, mas eu sou um louco apaixonado, um tolo, um sentimentalista de merda, e acabo acatando tudo que me é referido de maneira grossa e estúpida.
Deveria deixar para trás tudo o que está preso em mim neste momento, mas aposto que daqui a trinta minutos, quando eu sair por aquela porta, tudo virá atrás de mim. Sou um ímã. E cada dia que passa, eu sinto que tenho atraído mais críticas, e acatando todas elas eu vou vivendo a minha vida lenta, com a insensatez e a angústia do momento.
Sinto que estou me deixando ir.
E para bem longe estou me distanciando dos meus preceitos.
Sinto.
Eu sou um poço de sentimentos,
Sinto a todo o momento o quão triste é o meu modelo de vida, e que a mobilidade nunca chegará para mim.
Sinto.
Sentir é o meu agora.
Sinto que estou correndo para beira de um abismo, e que me jogarei em breve.
Sinto.
Sinto que não sou nada, sem o seu calor! E sem as suas palavras.
Deveria deixar para trás?
Deveria largar tudo o que eu "conquistei"?
Sinto.
Sinto que deveria largar tudo, e adormecer no vazio da minha alma, que compenetrada está com os empecilhos e devaneios que a vida tem a me proporcionar.
Sinto, que estou nu.
Despido do material que encobre meu corpo tímido e sensível ao tato.
Sinto que nada vai mudar, e que eu sempre escreverei sobre o que sinto, ainda que eu não sinta nada, procurarei escrever sobre o que não se passa, o que não é, e sobre o que planejo ser.
Sinto!
Sinto que você já não é mais parte da minha vida, e que eu posso seguir sozinho.
Sinto que o dia não vai chegar, e que eu continuarei a escrever sem parar sobre o dia de hoje, tão sensitivo.
Hoje eu estou sentindo uma imensa vontade de não sentir nada.
Uma vontade estupenda de não dançar, não chorar, não pular, não ser.
Sinto que os alucinógenos farão a minha cabeça, e que eu sentirei, de alguma forma tudo o que me cerca, e não darei a mínima, porque eu estarei possuído.
Sinto que quero parar de escrever, mas eu sinto tanto... tanto...
E confesso que eu queria não sentir o doce desprazer da humilhação, e de ser subestimado a ideais insignificantes e sem argumentos.
Sinto que sou uma criança dependente do seu dinheiro, da sua cama e do seu aconchego, mas juro, queria não sentir.
Sinto que sou apenas mais um complexado, e que não quer compartilhar com o mundo os problemas que tanto lhe incomodam. Não quero ser um coitado, nem um culpado.
Sinto que nada sou, e que ninguém nunca verá o meu nada.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Chega de saudade

Chega de esperar o dia que demorou de chegar para completar a minha "felicidade"; Chega de uma espera idiota que só me consumiu nestes poucos dias.
Chega de saudade!
Agora eu posso retomar toda a minha vida, e poder sorrir outra vez.
Chega de desejar, porque agora eu tenho novamente.
Chega!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Equilíbrio

Como um flash de luz você se mostra presente,
E como numa sacada rápida e agilidosa você me roubou
Você me roubou, baby.
Você me roubou pra ti.
Numa noite de lindas estrelas você diz que me ama,
E numa funebridade que consomia
Você me acalanta
Você me encanta
Você me implanta,
Implanta esse seu amor
E planta a felicidade no meu peito
Planta a felicidade que jorra dos seus lindos olhos
Planta toda uma gama de sentimentos bons dentro de mim.

Eu não tinha estes olhos que brilham, nem este sorriso.
Eu não tinha esse modelo benevolente de vida doce
Nem a face que expressa
Nem a expressão que contesta
Contesta toda uma mudança em mim, em meu mundo.

Vem, e ame-me como nunca amou outro alguém
Vem e me consome
Vem pro meu mundo, pra minha vida.
Apenas hoje diga que me ama
E mostre o seu rosto feliz para me contagiar
Contagia-me com suas boas energias.

Vem pra mim, baby.
Vem e deita a sua cabeça sobre o meu colo
E deixa-me pegar na sua mão,
Deixa eu olhar nos seus olhos.
Deixa-me,
Deixa-me
Vem

Por mais uma noite, venha
E cometa os mesmos erros
Faça-me errar,
Somos o equilíbrio
Somos a outra metade da vida.
Convido-lhe a partilhar do meu mundo,
E no meu mundo, ensinar-te-ei a ser feliz.

walking in the line.

Caminho todos os dias em linha reta
Para onde, não sei.
Para onde irei?
Para onde, não sei.
Caminho sem parar, até cansar.
Sigo o meu mundo, e vejo a vida desnuda.
Inibido estou, como pedra no mar.
Sou ar, sou a linha reta.

Sou invisível como a maior pedra do oceano,
Sou um andarilho, seguindo em linha reta.
Caminho em linha reta todo o tempo.
Para onde não sei
Nem sei se irei, nem se voltarei.
Caminho parado, como quem não foi e nem voltou.

Caminho com os olhos
E a face escurecida pela luz do sol que não penetra mais
Não penetra mais
Não penetra mais
No meu mundo.

Sou a camada gasosa de ozônio
Sou a auto-proteção
Sou o meu mundo, sou eu.
Caminho em linha reta,
Numa gama de manifestações cíclicas e rotativas
Caminho sem eira nem beira
Sempre impondo barreiras
Sou a placa de contramão
Sou o soluço incessante
Sou o passado inconstante
Caminhando em linha, estou.

Não existe eixo.
Não estou no começo, não estou no final.
Estou na reta, sem coordenadas
Não há ponto, não há ponto.
Tendo a caminhar sem pensar.
E quem sabe um dia
Conseguirei me enganar e sanar toda essa imperfeição.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Lixo

No final tudo tende a virar resíduo reciclável que servirá de inspiração nas minhas palavras doces e amargas que saem desordenadamente do meu pensamento e pulam aqui, neste mundo cibernético e frio que acalanta e abriga toda a minha solidão. Tudo tende ao lixo, e o lixo tende ao meu sucesso. Por quê? Por que eu tenho de viver dos "lixos" que me cercam? Fico a garimpar peças de valor moral, de valor sentimental, de valor ético, mas só acho o lixo, o fedorento lixo que dá-me ginge.
Do lixo vivo, sem hesitar, sem gritar, sem lacrimejar ou apelar, e continuarei a viver, porque é este lixo que me faz amadurecer, é este lixo que me faz crescer. A dor é grande demais, mas os resíduos precisam ser reciclados. Dói na alma, dói como uma facada, mas é preciso reerguer-se e retomar a posição de ataque em que sempre estive.
A posição que me dá status, que me dá reconhecimento, que me faz forte, e que principalmente me faz amadurecer de forma exacerbada e sem controle a cada dia, a cada pensamento insano que tenho sobre vocês, seres humanos, sobre mim, sobre o mundo. Essa posição tem paradoxos, antagonismos, ironias do destino e outras “maleficações” que a língua portuguesa pode denominar: Ela me faz o lixo, me deixa nele. Este modelo de vida unilateral é doloroso, mas é necessário. Entregar-se? Jamais.
O lixo se forma a cada entrega que dou, a cada "sim" que forneço, a cada ajuda, a cada gesto humilde.
O lixo me mata, me come, me cospe.
O lixo é o meu nada
E o nada... Sou eu.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

É tudo verdade!

É verdade que as estrelas não brilham mais
E que as luzes que existiam no poço se apagaram.
É verdade sobre todas aquelas coisas que consumiam meus pensamentos
E daquilo que jamais esperei, é verdade.

É verdade que o mundo está acabando
E que o fim está próximo
É verdade
A verdade é sobre mim
A verdade é sobre nós
Será verdade, ou pura ilusão?
Aonde quer que eu vá
Sei que a verdade está lá, e comigo sempre andará.

A minha verdade está a milhas daqui
A nossa verdade está em nossos corpos, que almejam o toque.
Nada mais que verdade, nós somos dois em um.
Nada mais do que falar, somos dois meninos a sonhar.
Sonho com o dia que já não sei quando chegará
Mas a verdade está lá
Esperando-me alcançar
Alcançar.

A verdade é que somos metade
E somos pouco
E somos o ameno, o insípido.
Somos o nada, somos o adjetivo indefinido.
Somos ninguém
Mas a verdade está lá, esperando-nos alcançar.
Não sei bem certo, se é ilusão
Mas a verdade não para de crescer.

Aonde quer que eu vá
A verdade estará sempre
Sempre
A me esperar.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Aonde quer que eu vá.

Aonde quer que eu vá, levarei pra sempre o brilho dos seus olhos e o balanço dos seus cabelos; Levarei comigo o semblante do rosto inocente, amedrontado e molhado com a chuva que escorria sobre sua face; Aonde quer eu eu vá lembrarei de distribuir abraços, para compensar os que não tive, e os que não me foram dados; Aonde quer que eu vá estarei com sua imagem na minha cabeça, sonhando com o dia que se foi, sonhando com o ontem; Aonde quer que eu esteja e pra onde eu vá, estarei certo de que você jamais esquecerá de tudo que nos aconteceu, de todos os momentos infelizes e felizes, de todas as brigas e dos momentos carinhosos; Aonde quer que eu vá, sentirei a maciez da sua linda mão que tocou a minha; Aonde quer que eu vá, jamais esquecerei dos detalhes que jamais passariam despercebidos. Os detalhes são os resquícios de mais um dia feliz em minha vida, e só é possível sentir a felicidade quando analisamos estes detalhes.
Apesar de todas as incertezas e dos desgostos ocorridos em minha vida em certo momento, eu sempre procuro avaliar os detalhes de forma abrangente, e aonde quer que eu vá, sempre continuarei os avaliando.
Minha vida está sendo mudada, e aonde quer que eu vá, jamais esquecerei das mudanças que me foram proporcionadas ao decorrer dela. E aonde quer que eu vá, quero que lembre que amo você do fundo do meu coração e com muita força. Aonde quer que eu vá, continuarei sonhando e criando falsas estórias a nosso respeito, aonde quer que eu vá!
Aonde quer que eu vá, buscarei você em qualquer lugar e trazer-te-ei para o meu mundo. Aonde e qualquer lugar que eu vá.
Não sei se é ilusão, mas sei que onde quer que eu vá, eu estarei com a sua imagem que ficou gravada na minha memória naquele meio chuvoso e frívolo que estavamos inseridos. Aonde quer que eu vá, garoto, lembrarei que um dia senti muito frio, mas que esse frio foi muito gostoso pra minha vida. Lembrarei que as coisas ruins que aconteceram a mim foram boas o suficiente para serem apagadas só de lembrar o quão maravilhoso tudo foi, apesar das desavenças.
Aonde quer que eu vá... Será só você e eu, porque você é onipresente.
Aonde quer que eu vá, você será meu presente, pretérito e futuro!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

É preciso amor para poder pulsar.

É preciso coração para poder sentir.
Onde foi parar? Onde foi parar os nossos corações?
Nós, seres humanos, estamos cada vez mais nos desvincilhando dos ideais propostos naquela época remota. Dizia ela: "Igualdade e Fraternidade".
Cadê? Onde foram parar os ideais?
É preciso amor para poder pulsar!
Somos seres sem coração, e o meu já se foi.
Já se foi... E nada mais o fará voltá-lo.
É preciso amor para poder pulsar!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Esperar

I

Espero pelo seu beijo que já não sei quando terei
E pelo seu abraço ofegante que já não sei quando mais.
Já não sei quando mais
Nem sei quando.
Espero pelo seu olhar penetrante dentro dos meus
E dentro do meu vejo uma luz de má energia passar.
Espero pelos dias felizes que já não sei quando
Já não sei quando existirão.

II

Espero pelo seu cortejo a minha recepção
Já não sei quando
E quando acontecer, não estarei mais aqui
Já não sei quando
Já não sei esperar o quanto
E quanto tempo terei de esperar?
Já não sei quando precisarei mais do seu abraço
E com abraço não sei quanto serei feliz.

III

Infeliz serei, já não sei quando
Há data marcada, mas não sei quando
E não sei quanto irá durar toda essa tortura
Já não sei quando e o quanto.
Quando, já não sei.
Já não sei o que falar, nem o que sentir
A espera me faz um impotente
E da impotência viverei até pôr fim nisto.
Já não sei como pôr fim nisto.
Já tentei tanto, mas não sei como.

IV

Esperar me faz pequeno, me faz frio.
Esperar congela meu coração
Já não sei como esquentá-lo
Já não sei como aconchegar meu pobre coração
Diga-me como, diga-me quando, diga-me o quanto.
Dê-me um sinal de vida,
Já não sei o que esperar
Nem o que devo fazer
Já não sei como agir.

V

Ensina-me a esperar
Não sei como.
Não sei como manter-me inerte
Já não sei como
Já não sei como dizer o quanto espero.
Já não sei o tanto quanto espero
Já não sei como
Só sei que sua imagem se faz onipresente
E da forma onipotente você domina o meu saber.
Já não sei o que dizer
Só sei dizer que não quero mais esperar por você.
Já não sei como fazer.
Já não sei como.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vai, meu coração, ouve a razão.

Vai, meu coração, ouve o quão estou desapontado.
Vai, meu coração, veja sempre por outro lado
Vai, meu coração, toque e transforme tudo o que está errado
E vá, meu coração, transporte-me para um outro lado, um outro lado da vida.
Vai, meu coração, usa só a sinceridade.
Vai, meu pequeno coração, executa meus mandamentos
Vai, obedeça ao seu amado.
Vai, me faz tirano.
Faz-me humano,
E ame, meu pequeno coração. Ame!
Vai, meu coração, tu mereces o perdão
O perdão do descuidado.
O perdão é você, meu coração.
Vai meu coração, execute o perdão.
Execute a informação.
Execute tudo que lhe peço.
Vai, coração, seja desumano.
Seja uma máquina.
Apenas faça, faça o que condiz com a minha desgraça.
Vai, meu coração, ouve a razão
Usa só sinceridade.

Vai, meu coração, colha sempre a tempestade.