Caminho todos os dias em linha reta
Para onde, não sei.
Para onde irei?
Para onde, não sei.
Caminho sem parar, até cansar.
Sigo o meu mundo, e vejo a vida desnuda.
Inibido estou, como pedra no mar.
Sou ar, sou a linha reta.
Sou invisível como a maior pedra do oceano,
Sou um andarilho, seguindo em linha reta.
Caminho em linha reta todo o tempo.
Para onde não sei
Nem sei se irei, nem se voltarei.
Caminho parado, como quem não foi e nem voltou.
Caminho com os olhos
E a face escurecida pela luz do sol que não penetra mais
Não penetra mais
Não penetra mais
No meu mundo.
Sou a camada gasosa de ozônio
Sou a auto-proteção
Sou o meu mundo, sou eu.
Caminho em linha reta,
Numa gama de manifestações cíclicas e rotativas
Caminho sem eira nem beira
Sempre impondo barreiras
Sou a placa de contramão
Sou o soluço incessante
Sou o passado inconstante
Caminhando em linha, estou.
Não existe eixo.
Não estou no começo, não estou no final.
Estou na reta, sem coordenadas
Não há ponto, não há ponto.
Tendo a caminhar sem pensar.
E quem sabe um dia
Conseguirei me enganar e sanar toda essa imperfeição.
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