sábado, 31 de outubro de 2009

Se eu pudesse gritar...

Eu diria tudo o que não posso.
Gritaria que almejo demais a felicidade, mas que existem pessoas que fazem-me regredir com a funebridade e angústia que leva no peito, e que isso é o meu karma.
Se eu pudesse gritar bem alto, eu diria para o mundo que nos amamos, porque amor é para ser compartilhado, amor é universal e o mundo precisa ter conhecimento de nós. Porém, a mentira encobre o amor, de fato. Somos fugitivos do nosso prazer.
Se eu pudesse...
Eu diria todas as palavras que eu nunca disse, faria tudo de forma diferente, seria menos racional, me entregaria mais... Se eu pudesse...
Na verdade, eu não sei porque não posso.
Algo me prende.
Estou exilado na escuridão da minha alma e busco saídas através de buracos pequenos, na verdade feridas, que nunca fecham, nunca curam, nunca...
E vou-me ferindo ainda mais, para liberar toda uma felicidade que não existe, que não está dentro de mim.
Se eu pudesse gritar bem alto...
Eu diria que sou um mentiroso e que tento passar uma imagem feliz que não me pertence. O sorriso continua no meu rosto, a todo o momento enquanto a vida me cerca.
Eu diria, se eu pudesse, que eu me escondo do mundo, por razões óbvias que não vem ao caso agora. E diria que a minha mobilidade nunca chegará, e que eu já me contentei nesta condição.
Eu diria que os amores vem e vão, e que nenhum fica, nenhum marca, nenhum... Sempre vem outro por cima para apagar os resquícios de um passado de felicidade/infelicidade.
Se eu pudesse gritar, eu admitiria que nada é pra sempre, de fato.
Nada é pra sempre, nadinha.
E que as datas me deixam triste, e que o movimento de rotação da terra me deixa absolutamente triste.
Se eu pudesse admitir a vida... Mas eu não posso.
Se eu pudesse gritar pro mundo... Mas eu não posso.
Se eu pudesse apenas dizer um sim, e um "eu te amo"... Não posso.
Vivo num mundo de impossibilidades, o que acarreta indiretamente o surgimento de novas, e novas impossibilidades.
Se eu pudesse... eu me daria todinho.
Mas eu não posso, eu não sou completo!

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