segunda-feira, 23 de novembro de 2009

(In)compatibilidade.

É incompatível o modelo antagônico familiar que venho tendo desde minha geração, desde quando fui jorrado pra fora como secreção de uma ferida podre e imunda. Esta incompatibilidade me faz pequeno, me faz ameno e salgado e amargo.
É incompatível este modelo de vida juvenil tão lento, tão fraco, tão melancólico. E esta melancolia me deixa pra baixo, me deixa por baixo, me deixa sem espaço.
É incompatível este modelo de amor tão intenso, tão carinhoso, tão monstruoso. E este amor me acalanta, me encanta e me faz segregar toda a incompatibilidade.
É incompatível este modelo de amizade que tanto perdura, mas nada dura, na verdade é dura como pedra dura que de tanto durar já está em fase de decomposição. Amanhã seremos rochas sedimentares.
É incompatível este modelo de felicidade tão mentirosa dessa alma penosa, que está sofrida, está detida e abatida. Talvez seja apenas mais uma das mentiras.
É incompatível este modelo de tristeza verdadeira que parece asneira, mas não há maneira, não há quem veja, nem quem sinta.
É incompatível este modelo colegial que tanto cansa, mas nada me cansa, nada encanta, nada progride, nada constrói. Tudo é destruído como as boas lembranças que ficam no esquecimento.
É incompatível este modelo musical tão formal, tão normal, tão boçal e sem rima como o grita o texto.
É incompatível este nada que nunca acaba, que nunca finaliza, que nunca chega ao nada.
É incompatível o brilho que de tão ofuscado ofuscou outros brilhos.
É incompatível esta transfusão que parece um tufão, e leva tudo o que vê pela frente.
É, de fato, incompatível.
Será que a incompatibilidade é o meu eu?
Ou seria o meu eu incompatível de ser decifrado?
Será que não há compatibilidade para o indecifrável?
Ou será que o mistério está bem nítido?
Será que estes modelos são compatíveis?
Será que o modelo merece estes modelos?
Incompatível ou Compatível?
Mutável ou Transmutável?
As respostas serão incompatíveis para resolver esse paradigma.
As respostas são, de fato, argumentos incompatíveis para dar sentido ao mundo de incompatibilidades que nós criamos.

4 comentários:

  1. Admirador (não) secreto23 de novembro de 2009 às 02:16

    "É incompatível este modelo de amor tão intenso, tão carinhoso, tão monstruoso. E este amor me acalanta, me encanta e me faz segregar toda a incompatibilidade."

    Eu e vocês somos compatíveis!! Te amo!

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  2. Admirador (não) secreto24 de novembro de 2009 às 15:56

    Me poupe? Eu sei que vc me ama... e eu te amo!

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  3. Admirador (não) secreto25 de novembro de 2009 às 15:23

    Saudades demais!!! Te amo!

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