Há muito tempo tenho vindo colocando minhas expectativas, minhas emoções, minhas paixões, meu amor, meus medos, meus sonhos e todos os outros meus sentimentos em um alguém que nunca ficou na minha vida de fato; Em um alguém que apareceu no meu hoje e foi embora no amanhã tão incerto; Num alguém que parecia ter mais vida do que eu, mas que era tão incerto quanto a mim; Num ser humano que parecia poder ser feliz e me dar felicidade.
Tenho colocado e vivido em função dos outros, achando que os outros trariam para mim a paz que eu sempre almejei, mas esse "outro" sempre ia embora e me deixava à mercê das minhas frustrações que pareciam não ter fim, que pareciam me destruir por dentro (e foram, pouco a pouco) como um tumor maligno que acabava com meu 'eu' interior. Tenho vivido em função dos outros, tentando sugar tudo que os outros tinham e o que eu sempre invejei: Paz, Felicidade, Benevolência, Amor e todos os outros sentimentos bons que qualquer um pudesse querer para si próprio. Tenho tentado resgatar nem que seja uma parcela insignificante destes sentimentos dos outros, e achando que sempre os consegui, fui vivendo passo a passo cada etapa da minha vida de merda.
Nunca imaginei que um dia pudesse perceber o quanto idiota eu fui durante todo este tempo. Não sei explicar a causa, mas sei que eu sempre quis sugar o que os outros tem de bom para dar, sempre achei que meu depósito de altruísmo estivesse completamente lotado, e que eu pudesse sair distribuindo-o por aí. Pequeno jovem tolo, eu sou. Tão pequeno que se quer fui capaz de crescer e obter meus próprios sentimentos realísticos.
Vivi e vivo nessa farsa de sentimentos bons. Finjo a todo momento a felicidade que já fica mais do que perceptível o quão falsa és; Finjo a todo o momento estar antiquado ao meio; Finjo desde quando me conheço como gente este amor que saio distribuindo por aí, como se fosse um alguém doce e cheio de sentimentos, porém não soube fingir contigo tudo isso, fui transparente como nunca tinha sido com outro alguém, mas você foi apenas uma peça pertencente aos "outros", que entrou na minha vida e contribuiu ainda mais para a minha frustração sem tamanho.
Hoje me dou conta de que o que eu realmente preciso é de mim. Eu preciso da minha personalidade falsa, dos meus pensamentos inconstantes e desse meu sabor insípido (contraditório, não?). Eu preciso me doar mais um pouco para mim e deixar de viver em função dos outros, porque os outros são como pronomes indefinidos. Nunca se sabe quem será o próximo alguém e quem foi o ninguém que fez parte de mim.
Eu preciso me encontrar e fazer um pedido de namoro a mim mesmo, preciso dizer o quanto eu o amo. Preciso conseguir enxergar meu puro reflexo diante do espelho e perceber quem realmente sou.
Não sei, não posso, não consigo.
O pessimismo toma conta de mim, porque já sou deste futuro incerto. Sou apenas fruto da árvore podre que me gerou. Sou tão podre quanto ela.
Estou jogado neste mundo, e tenho apenas que aprender e aceitar a viver nesta podridão.
Sou isso.
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