terça-feira, 25 de agosto de 2009

Retrato

Este retrato que está fixado na parede não é mais aquele que ontem estava tão limpido e vivo. Este retrato não é igual ao do álbum de família que na gaveta está guardado. A fotografia tão fria e insípida continua na parede, apenas para demonstrar o quão duro é o tempo, e o quão árduo relutamos e transmutamos, que mutação desordenada.
Este retrato se mostra assim frio, assim calmo e de contorno fino demonstram as mãos paradas e e tão frias e mortas, e uma face que enobemente sobrevive ao passar do tempo. O retrato é apenas uma lembrança guardada em sete chaves, e que se renova a cada dia com os flash's de lembranças que vão e vem, num sincronizar quase que perfeito.
Este retrato está rasgado, sem cor, sem amor e nenhum pudor. Oh! retrato de uma estória divina que entregue as baratas e aranhas está. Pequenina imagem de um ontem que volta apenas com o tilintar dos flashs apáticos.
Este retrato é juizo final, é o mal! Retrato de um alguém despido e desnutrido, lutando por um aconchego. Figurinha tão pequena que fixado está na parede da memória, e que jamais cairá, pois o prego que o segura é tão rígido e forte quanto a imagem e a subimagem que este retrato transmite.
Este retrato é como gases poluentes na atmosfera: Ninguém percebe, mas com o passar dos anos, ela causa transtornos.
Este retrato é lembrança de um ontem que hoje está presente.

Um comentário:

  1. Olá, para ser sincera sempre olhei para as fotografias desta maneira, porém tem momentos que a emoção grita e olho de maneira diferente.
    A ultima frase foi extremamente boa... que no caso resumiu tudo o que voce quis dizer.
    Continue assim, beijos.

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